"Manifesto" dos reitores - uma simples reacao individual (Paulo R Almeida)
(Veja também o que diz o Paulo Renato: http://www.psdb.org.br/index.php/agencia-tucana/noticias/paulo-renato-lula-mente-deslavadamente/)
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Segue abaixo carta ao Jornal da Ciência (SBPC), a propósito do chamado "manifesto dos reitores em favor da edução", na verdade um péssimo panfleto político-partidário, de caráter sectário e divisionista:
Sobre o item: "Reitores de Ifes divulgam manifesto em favor das ações em educação" acredito que tanto o título quanto o conteúdo desse manifesto estejam essencialmente equivocados, talvez deliberadamente equivocados.
Não se trata de um manifesto em favor de ações, quaisquer que sejam elas, relativas à educação brasileira, mas de uma tomada de posição claramente partidária em favor de uma das candidaturas à cadeira presidencial.
Dispenso-me de comentar o conteúdo, os termos e os posicionamentos desse "manifesto", diretamente vinculados a uma dessas candidaturas, que revelam, todos eles, a adoção de uma postura maniqueista, divisionista e, no limite, sectária, de autoridades universitárias que deveriam manter-se independentes, embora não alheias, às escolhas político-eleitorais a que toda a comunidade acadêmica e o povo brasileiros são chamados a fazer neste mês de outubro.
Os reitores sabem muito bem que os universitários, em geral, e os professores em particular, possuem discernimento suficiente para fazer suas próprias opções eleitorais, com base num julgamento autônomo das posturas e propostas eleitorais de cada candidato, e não precisam ser induzidos, em nome de suas instituições, a tomar esta ou aquela atitude. Que esses reitores -- e não todos -- o tenham feito é revelador do ambiente de divisionismo político, e de arregimentação partidária, que tende a fraturar instituições que deveriam estar abertas a todas as propostas políticas de modo tolerante e democrático.
Mais ainda: como autoridades de instituições públicas, estatais em sua maior parte, os reitores deveriam dar o exemplo e se manterem neutros, ou apartidários, nesta conjuntura eleitoral. O fato de que tenham feito uma opção deliberada -- o que é o seu pleno direito no plano cidadão e individual, mas não como reitores -- por uma dessas candidaturas, de modo tão servil quanto ridiculamente publicitário, em favor da candidata oficial do governo Lula, é não apenas lamentável no plano da ética pública, como deplorável no plano da simples relação republicana -- para usar um termo da moda -- que deveria comandar pelo menos isenção quanto às escolhas que a comunidade acadêmica deverá novamente fazer em 31 de outubro.
Trata-se de mais um péssimo exemplo de mobilização de instituições públicas em favor de uma postura político-partidária. Meus cumprimentos aos reitores que não aderiram a esse panfleto eleitoral e meus pêsames, acadêmicos, aos que servilmente o fizeram.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010 Paulo Roberto Almeidapralmeida@me.comwww.pralmeida.org
Quem é o autor: Doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas (1984), mestre em Planejamento Econômico e Economia Internacional pelo Colégio dos Países em Desenvolvimento da Universidade de Estado de Antuérpia (1976), formou-se em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas (1974). Defendeu tese de história diplomática no Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores (1997). Diplomata de carreira desde 1977, exerceu diversos cargos na Secretaria de Estado das Relações Exteriores e em embaixadas e delegações do Brasil no exterior. Foi ministro-conselheiro na Embaixada do Brasil em Washington (1999-2003). Trabalhou entre 2003 e 2007 como Assessor Especial no Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Designado diretor do Pavilhão do Brasil na Shanghai Expo 2010. É professor no Mestrado em Direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub) e professor orientador do Mestrado em Diplomacia do Instituto Rio Branco do Itamaraty. Tem sido regularmente convidado para ensinar em universidades brasileiras e estrangeiras. Possui experiência nas áreas de relações internacionais e em sociologia, com ênfase em desenvolvimento comparado, atuando principalmente nos seguintes temas: relações econômicas internacionais, política externa brasileira, história diplomática, desenvolvimento econômico brasileiro, globalização e segurança internacional. Publicou mais de uma dezena de livros individuais, organizou diversas outras obras, participou de dezenas de livros coletivos e assinou centenas de artigos em revistas especializadas (www.pralmeida.org).
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