sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Esquerda ou direita?

Estou tentando construir uma tabela com as principais características do pensamento de esquerda ou de direita. Listei algumas coisas que me ocorreram e passei para alguns amigos e colegas comentarem, completarem, corrigirem. 
Um deles achou a coisa toda meio "americana"... Reconheço que é mesmo, mas não deixa de ser um começo divertido.
A idéia é não pensar muito, e não procurar fundamentos teóricos ou históricos nem referências bibliográficas.  Não é preciso se ater à política ou economia, valem também atitudes, comportamentos, preferências estéticas, etc. A propósito, recomendo as crônicas do Veríssimo transcritas em http://francaspalavras.tumblr.com/post/379831526/verissimo  e em
Entre no jogo, se lhe parecer interessante! Não precisa assinar, se não quiser. 
No momento, está assim:


O que significa hoje ser de
Esquerda
Coluna do meio[i]
Direita
Mais Estado/ Estado interventor/investidor[ii]

Mais mercado/ Estado mínimo
Mais impostos / Tributação elevada

Menos impostos / Tributação mínima
Mais regulação

Menos regulação
Igualitarismo

Meritocracia
Democracia direta/participativa

Democracia representativa ou Aristocracia (intelectual)[iii]
Estado laico

"Valores cristãos" na educação/política, etc.
Favorável ao aborto, casamento gay e outras bandeiras liberais e estado laico
Contra aborto, contra casamento gay, aproximação com a religião
Multiculturalismo

Identidade nacional
Livre imigração

Restrições à imigração
Torce pelos árabes
 Ver nota (iv)
Torce pelos judeus
Cotas raciais ou sociais

Cotas sociais – ausência de cotas
A favor da reforma agrária
Contra a reforma agrária
Feminismo

Machismo
Liberação sexual

Valores da família
Descriminalização/liberação do aborto

Restrições/criminalização do aborto
Descriminalização/liberação da maconha/das drogas

Restrições/criminalização do uso das drogas
Pró casamento gay

Contra o casamento gay
Pró desarmamento civil

Pela posse/porte livre de armas de defesa
Sindicatos

Patrões
Valores europeus

Valores norte-americanos
Populismo

Elitismo
Juventude

Maturidade
Cultura alternativa

Cultura main stream
Idealismo

Pragmatismo


[i] A pedido do David
[ii] Letra menor: Carol Siqueira
[iii] Vermelho: Juliano
[iv] Em Israel a divisão esquerda pacifista/direita beligerante não depende apenas de escolha ideológica, tem lógica sociológica. Os pacifistas geralmente somam as seguintes características: ashkenazim terceira geração de sionistas que fizeram o país e ganharam guerras. Isto é, já superaram isso e estão em outra. O outro lado inclui ashkenazitas não-construtores, não ganhadores de guerras + judeus oriundos dos países comunistas (de nacionalismo mais recente que o sionismo histórico e odiadores de tudo que cheire a esquerda) + judeus de ascendência oriental (sem papel de primeiro plano na construção/vitórias militares) + religiosos (pelos idem motivos). Claro, esse é esquema grosso modo, há exceções muitas, mas o princípio que influi mais creio ser este: depois que você brigou e venceu, torna-se mais pacifista. Mas sou crítico dos pacifistas mais star-eyed, que comparo aos intelectuais que aqui, nos 70, sob a ditadura, defenderam a tese de que o bonzinho era Solano Lopez e o vilão o Brasil. A incoerência básica dos pacifistas israelenses é achar que nacionalismo extremado nos judeus é coisa feia, mas nos árabes é aceitável, coitados, são tão primitivos e loosers...  A esquerda perde votos no mundo todo porque acha que, como é dona da moral e da verdade última, tem o direito de simplificar bastante as coisas, esnobar quem não é, e até mentir um pouco... Isso atravessa muitos issues, da imigração ao estado-babá."
O texto acima é parte do e-mail de um amigo, sobre o escritor David Grossman. "O primeiro capítulo de seu último livro foi publicado no NYR, muito bom; ele esteve num dos Paratys por aqui, e foi badalado, creio. O filho dele morreu no último dia da recente Guerra do Líbano. Ele é da centro-esquerda pacifista", explica ele.

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