domingo, 1 de setembro de 2013

Sexo frágil?

"O último dia de lutas das chaves individuais do Mundial de Judô terminou com dois brasileiros no pódio. Maria Suelen Altheman e Rafael Silva garantiram a prata para o País na categoria peso pesado. Com o resultado, o Brasil soma seis medalhas ao todo, sendo cinco do feminino (1 ouro, 2 pratas e 2 bronzes) e uma do masculino (prata)."

 Hoje não quero escrever muito. Não é preciso. O tema é o velho e desgastado estereótipo: "mulher, sexo frágil". Não há nada mais desmentido pelos fatos, mas continua ainda hoje repetido como um mantra, aqui e ali.

De fato, a mulher tem em média menor porte e menos força física, o que a faz, muitas vezes vítima da violência masculina. Mas mesmo do ponto de vista orgânico, ela apresenta inúmeras vantagens: amadurece mais cedo, vive mais, suporta melhor a dor, tem invejável resistência física para desempenhar suas múltiplas atividades dentro e fora de casa, muitas vezes a expensas das horas de sono. Quem levanta da cadeira para atender o marido que "chegou cansado" do trabalho? Quem levanta à noite para atender a criança que chora? Quem acorda mais cedo para deixar a comida e a roupa da família preparadas, antes de ir para o trabalho (como se isso não fosse "trabalho"!) Quem vai buscar e carrega as pesadas latas com água, nos lugares onde ela não chega encanada?

Em 2011, as mulheres destinavam, em média, 27,7 horas semanais a afazeres domésticos, mais do que o dobro do tempo dedicado pelos homens (11,2 horas), segundo a pesquisa Síntese de Indicadores Sociais: Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira 2012, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Na população ocupada, de 16 anos ou mais de idade, as jornadas se reduzem a 22,3 horas e 10,2 horas, para mulheres e homens, respectivamente". (http://tinyurl.com/p92244q)
Esse conceito de "população ocupada", diga-se de passagem, mereceria uma revisão. Mulheres que trabalham em casa podem ser consideradas "desocupadas"?

O sexo frágil, portanto, trabalha mais e vive mais: além disso, quando lhe é permitido ou solicitado, desempenha com igual capacidade qualquer tarefa tradicionalmente considerada masculina. Durante as guerras, mulheres não apenas tocaram as atividades agrícolas e industriais antes consideradas "pesadas" para elas, como participaram ativamente das batalhas terrestres, aéreas e navais. Adicionei, aqui, uma seleção de links onde isso pode ser visualizado. O curioso é que, ao voltar do front, muitas mulheres foram censuradas e reprimidas por adotar atitudes e linguagem julgadas inapropriadas e pouco femininas!

Um último toque: as brasileiras, no esporte, têm dados exemplos de que essa suposta fragilidade é um mito. No atletismo, no judô, no vôlei, no futebol, as "meninas" brasileiras se destacam, embora nem sempre tenham as oportunidades de apoio e patrocínio que favorecem os rapazes.

Temos eleições à vista, no ano que vem. Vamos ver essa força feminina também nas urnas, nos postos executivos e nas nossas casas legislativas?

http://www.instigatorium.com/?p=1493 
http://veja.abril.com.br/blog/sobre-imagens/mulheres/a-mao-de-obra-feminina/
http://chicomiranda.wordpress.com/2011/11/12/mulheres-na-seguda-guerra-o-fim-do-sexo-fragil-parte-i/
http://clubedolivro.wordpress.com/2009/03/08/a-mulher-e-a-guerra/
http://www.devoltaaoretro.com.br/2013/03/rosie-riveter-we-can-do-it.html

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