sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Volta a Lyssenko

Trofim Lyssenko
A matéria de hoje na Folha de São Paulo (Embrapa veta cientistas em seminário - Empresa orientou pesquisadores a não participar de debate na Câmara sobre mudanças no Código Florestal) aponta, mais uma vez, para uma novidade indesejável do atual governo: a aversão ao debate público, livre e racional.


Quando isso afeta a ciência, já se conhecem as consequências. A ideologização da Embrapa, sob o governo petista, lembra o famoso "caso Lyssenko", na antiga União Soviética: (continua abaixo)


"Trofim Lysenko, agrónomo russo, era partidário convicto da hereditariedade biológica dos caracteres adquiridos, e a partir desta crença absoluta  proclamou o repúdio dos cromossomas e dos genes como suportes da hereditariedade, negou o mendelismo, as mutações do material hereditário e o seu papel para a evolução. Decretou, em suma, a falsidade da genética.(...) Apesar dos malogros na prática, Lysenko elaborou a sua teoria biológica e conseguiu desacreditar na URSS a teoria cromossómica da hereditariedade e lançar o anátema sobre a genética mendeliana. As investigações em genética foram suspensas, investigadores foram destituídos das suas posições, cessou o ensino da genética entre 1948 e 1964 e novos textos foram escritos e publicados, de acordo com a nova biologia mitchurinista-lysenkista.


A aversão à genética começara muito mais cedo, nos anos 30, em particular contra as investigações em genética humana, acusada de justificar ou conduzir ao racismo, ou contra a aplicação dos princípios da genética à sociedade. O resultado foi que já em 1936 os estudos sobre genética humana foram suspensos. O cientista N. I. Vavilov (1887-1943), homem com grande reputação internacional, sob a direcção do qual a investigação genética fez grandes progressos na URSS, foi preso em 1940 e exilado para a Sibéria, e anos depois morreu na prisão.A sua reabilitação foi feita mais tarde, em meados dos anos 50, quando esmoreceu a credibilidade em Lysenko, sobretudo por ele ser considerado responsável por as quintas colectivas não cultivarem milho híbrido, contra o qual ele tinha tomado forte posição pessoal."

Um comentário:

Anônimo disse...

Lissenko era um Savanarola, um fanático iletrado e malévolo, mas sincero. Já os que abrem caminho para a devastação das matas ciliares do Brasil são apenas políticos comprados pelo agronegócio. It's just bussines. Compará-los àquele ideólogo perverso é engandecê-los além do que merecem. Ottaviano