Lula não só uniu em torno de si a escória política nacional, como permitiu-lhe frequentar sem embaraço os cofres federais.
(...) O Ministério dos Transportes, terreno de onde jorra lama onde quer que se perfure, foi cedido pelo então presidente Lula, ainda no seu primeiro mandato, ao PL do vice José Alencar. A legenda veio a se chamar PR depois da fusão com o Prona. Pelo ingresso de Alencar na chapa, o PT, presidido pelo deputado José Dirceu, pagou R$ 10 milhões ao PL controlado pelo colega Valdemar Costa Neto. Eles se reuniram a poucos metros de onde Lula e Alencar se entendiam.
Réu do mensalão, Costa Neto renunciou para não perder o mandato. Reeleito, segue sendo o capo do PR presidido por Nascimento. "Despachava" com empreiteiros no gabinete do ministro. Disputa com outros figurões da base a condição de encarnar o acervo mais representativo da herança maldita que a presidente recebeu do seu mentor. Lula não só uniu em torno de si a escória política nacional, como permitiu-lhe frequentar sem embaraço os cofres federais.
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Dilma e Alfredo |
Nessa hora, no fim da semana passada, a presidente teve a chance histórica de iniciar uma cirurgia radical na pasta para livrar-se da "herança maldita". Em vez de aproveitá-la, preferiu manter o ministro e entregar-lhe a apuração das traficâncias praticadas a um palmo do seu nariz. Depois, em zigue-zague, mandou suspender as licitações por ele aprovadas, enquanto as ministras da Casa começavam a tratá-lo como um morto-vivo.
A presidente, em suma, deixou passar a primeira hora da verdade da sua gestão. A segunda já ressoa pela voz dos dirigentes do PR que não abrem mão do seu feudo e advertem que Dilma terá de se entender com o caído Nascimento para a escolha do sucessor.
Se ela sucumbir à chantagem, já não fará muita diferença para a sua imagem se convidar de uma vez para o cargo o próprio Valdemar Costa Neto.
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